quinta-feira, 4 de novembro de 2010

primaveril

Pise os pés no orvalho da grama de manhã, bem cedo. Amanheça. Veja as flores se abrindo e as ruas se enchendo de um verde mais bonito. Siga trilhas que te levem a novos ares e lugares. Mas não se esqueça que as flores mais bonitas se abrem em nós e o vento que levanta os vestidos pode ser o mesmo que leva embora os pensamentos não mais desejados. Afinal, por mais que as estações estejam indefinidas, a maior primavera é a que acontece dentro da gente.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Lá nas estrelas...

Nem venha, Clara. Sabe o que aconteceu? Ontem o meu avô foi para as estrelas, sabia? Eu vi que todos estavam tristes, tinha muita gente na minha casa e estranhei. Quando perguntei à mamãe, ela me contou para onde ele tinha ido. Disse que ele foi para lá e o coração dele parou de bater. Sabe Clara, eu fico me perguntando às vezes: Será que ele vai demorar muito nas estrelas? É que eu já estou com saudade! Eu não entendi muito bem, Clara. Na verdade, eu quase nunca entendo nada e eu nem sei se acredito nisso que a minha mãe diz, mas sei que sinto falta do meu avô. Se ele tivesse me dito antes, tinha pedido para ir junto. Hoje, na hora que eu acordei, eu fui lá na cama dele e encontrei a vovó sentada, passando a mão no lugar que ele deitava. Eu perguntei se também sentia saudade e ela disse que sim. Sentei-me com ela e pedi que não se preocupasse. A mamãe tinha dito que um dia todos nós vamos para as estrelas também. Até você, Clara! Só que uns vão antes e outros, depois. A vovó chorou e me abraçou e eu só sei que quis abraçá-la também. Ela falou que era assim mesmo. Assim mesmo como? Olha, todos os dias eu escuto o meu coração batendo, batendo...bem aqui no peito. Se um dia eu não escutar mais, Clara, eu morro. Sério mesmo, eu morro.